domingo, 26 de abril de 2009

Tangkoko National Park, house of primates

Depois de um outro mergulho matinal em Lembeh, subimos até ao extremo norte da ilha para entrar na floresta do Tongkoko National Park e tentar avistar os black crested macaques no seu último reduto natural (sim, porque os que se podem encontrar no mercado de Tomohon não contam) e os Tarsius, o mais pequeno de todos os primatas. Este parque é também famoso por abrigar várias espécies de aves endémicas, um paraíso para birdwatchers. Para aumentar as probabilidades de ver toda esta bicharada, propusemos a um guia que nos levasse num treking na floresta durante dois dias. Resultou em cheio já que vimos quase todos os highlights. Ainda por cima o overnight foi feito numa bela praiinha de areia preta (já tinha dito que isto é vulcões por todo o lado?) com mar azulão (sim, a selva aqui entra quase pelo mar adentro). Só foi pena não termos visto os macacos virem até à praia para tomar banhos de mar como, segundo o guia, por vezes fazem.

Depois de montar as tendas ainda de dia, tempo para ir em busca dos Tarsius que saem ao lusco fusco em caça dos insectos, parecem Yodas saídos da guerra das estrelas. Chegada ao acampamento de noite, esperava-nos um banho nocturno no Pacífico a 30 ºC e uma sopa de noodles com arroz (nham, nham...). Já à volta da fogueira interrogávamos-nos acerca das centenas de luzes no mar. O guia dizia que algumas eram de barcos mas que a maioria eram de plataformas flutuantes usadas para pescar durante a noite, e que por acaso a sua família até inha uma dessas casas. Oh, conversa puxa conversa e quando demos por nós já tínhamos um plano para o após jungle: pernoitar e pescar na plataforma flutuante da sua família. Nesse mesmo instante ligou para alguém para confirmar e fomos brindados logo pela manhã com um peixinho acabado de apanhar na plataforma. Finalmente uma dose de proteína grelhada em brasas de fogueira para acompanhar os noodles com arroz ao pequeno almoço (mnham, mnham...).

A caminhada matinal tinha como objectivo ver tucanos mais de perto. É uma ave impressionante devido ao seu tamanhão, forma e cores que ostenta, mas difícil de conseguir uma foto já que anda sempre na canopy da floresta. Em vez de buscar uma foto da net fica aqui um desenho estilizado feito pelo Grande Sr. Desenhador de Cenas. Depois da caminhada, tempo apenas para um banho, alguma comida e lá estávamos nós a preparar o barco que nos levaria até a uma das floating houses numa praia de uma aldeia piscatória com porcos e galinhas a circular na areia e crianças a tomar banho de mar e sempre prontas para as fotografias.

A casa flutuante: uma simples estrutura de madeira tipo jangada feito com vários tipos de tábuas e troncos de pequenas árvores bem espaçadas entre si onde a única maneira de caminhar é em constante equilíbrio. Claro que para os locais com 1.5 m de altura e pés de orangotangos, era como caminhar em solid ground. Nós, tínhamos por vezes que usar as 4 patas para garantir que não caíamos dentro da rede que forra a plataforma por baixo, para onde o peixe é atraído por “super power lamps” e fica aprisionado. Lindo ou talvez não, foi que mal cai a noite, cai também uma chuvada que só parou já quase de manhã. Que belo sítio para estar à chuva... Os dois turistazinhos enfiaram-se logo no único abrigo da plataforma, uma pequena casa feita à medida deles ainda por cima com um buraco para poderem controlar o peixe na rede. Podem imaginar a bela noite que passamos ali a tentar dormir num chão de madeira com dimensões reduzidas. Já os locais estavam ali para pescar e passaram a noite toda à chuva mas em nenhum momento se puderam abrigar. Como compensação, no dia seguinte de manhã tivemos que mergulhar dentro da rede cheia de peixinhos (tipo anchovinhas) para retirar os que jaziam mortos e se acumulavam no fundo. Podem pensar “ah, mas isso até é nice”, eu também pensei isso até me aperceber que nós não éramos os únicos aliens dentro da rede das anchovas. Dei por mim a arrastar com o camaroeiro uma cobra marinha juntamente com o peixe morto... Começo a ter uma relação muito íntima com um animal que produz um veneno letal capaz de limpar o sebo a X humanos.

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