domingo, 26 de abril de 2009

Happy Birthday to Gonças

Às 23:59 do dia 18 de Abril estávamos nós numa discoteca hard-core (que tirava todo o partido da tecnologia tuning dos mikrolets – alto bombanço!) da cidade portuária de Bitung. Connosco, um Irlandês com quem fizemos a viagem para Bitung, os seguranças que nos tentavam convencer dos encantos das suas “bailarinas” que povoavam até à linha do horizonte, aquele espaço comercial.

À meia noite, na varanda exterior, abrigados dos milhões de watts que bombavam lá dentro, comemoramos os meus 32 com “Bintangs” (a cerveja local) oferecidas pelos seguranças. Porém, a urgência de “desmoer” uma barriga de pedra, fruto da mistura do sumo de abacate do jantar com as Bintangs da discoteca, obrigou-nos a uma saída prematura de tão romântico espaço!


Durante este passeio nocturno deparamos-nos com alto bairro underground !!! Imaginem o antigo bairro de pescadores de Olhão, 3 ou 4 ruas de terra batida, barracas em platex com portas entreabertas a deixar passar a única luz que iluminava as ruas. Embora o ambiente cheirasse a facada, a esgoto(zinho) e as ratazanas descessem pelas paredes com extremo “há-vontade” perante humanos, o som altíssimo que saia pelas portas nada tinha a vêr com este ambiente pesado: Todas as casas eram de karaoke, todas passavam “Heavy Slow Rock” Indonésio a altos berros, com “beldades” locais agarradas ao micro a cantar cheias de feeling! Lindo!

Espreitamos para dentro de uma destas casas e logo nos convidaram para beber chaptikus, uma espécie de aguardente de palma, porém mais fraca que o saudoso medronho. Ao 6º shot apercebemos-nos que o karaoke é afinal a porta de entrada para um Universo de alterne puro e duro! Ao fim de mais 8 shots a resistir a promessas gestuais do nirvana à distancia de 50 000rp (cerca de 3,5 Euros), fomos finalmente expulsos da casa por um senhor agressivo que com gestos obscenos nos dizia que se não queríamos daquilo não éramos bem vindos! Mais um momento Kodak!


No dia seguinte precisavamos chegar a um resort, a uma loja ou centro de mergulho onde nos metessem uma garrafa às costas para mergulhar no Estreito de Lembeh. Obviamente não nos preparamos e não faziamos a mais pequena ideia onde ficaria qualquer um destes espaços. À saída do hotel a olhar para o vazio com pontos de interrogação na cabeça, toca de entrar num mikrolet ! Tivemos a sorte de apanhar talvez o melhor mikrolet de Bitung! O mais tuning, o mais rebaixado, com melhores jantes, melhor som e até com uma simulação do ecossitema de coral no interior das portas! 2 Palavras: Alto Estilo! Às oito da manhã estávamos já bombar e a dançar dentro de um pequenos WRC versão carrinha (temos altos filmes deste momento!). A partir daqui foi uma longa deambulação pelos arredores de Bitung, sempre com o melhor som que cerca de 50 speakers debitavam do interior do pequeno mikrolet, à procura dos tais resorts/mergulhos à medida do nosso bolso! À hora do almoço ainda não tínhamos encontrado nenhum budget resort/dives e o nosso driver (que entretanto já só estava ao nosso serviço) sugeriu almoço! “Então, leva-nos ao sítio com a comida mais local da zona !”. Coincidencia, fomos parar justamente ao bairro onde na noite anterior os ratos desciam pelas paredes e senhoras gordas cantavam belas musicas agarradas ao micro. Comemos alto sortido de peixes e ayam (frango) que passam o(s) dia(s) dentro de vitrines não refrigeradas ao Sol. Os molhos picantes encarregam-se de matar salmonelas, estalfilococus, coliformes e outras cenas com nome em Latim. Uma delicia !!

Mas o objectivo era ... Mergulho! E se os resorts estavam fora do nosso budget, o driver levou-nos para um um hostel enfiado numa aldeia já perto do porto que faz a carreira para a ilha de Lembeh. Daqui negociamos com um pescador o transporte para a ilha e umas horas do seu tempo para, ou fazer apenas apneias, ou mergulhos se conseguíssemos um bom deal do lado de lá. Como o pescador não percebeu nada do que combinamos, acabou por nos levar através do contexto do estreito, com vulcões no horizonte e barcos que não param, até um distante resort de mergulho (que por acaso era dos mais caros). Um cardume de seguranças não habituados à chegada de gandulagem despenteada a bordo duma chalupa de madeira, esperava-nos no deck! Felizmente o dive master chefe do resort, um neo-zelandês tambem ele back packer farto de aturar barrigudos ocidentais com material “top gear”, simpatizou e compreendeu a nossa durissima realidade. O resultado foi fazermos 3 mergulhos do melhor, pelo preço de 2 incluíndo um nocturno! O sitio único: água limpissima e areia preta de vulcão como pano de fundo para uma das mais “macro”, raras e coloridas vidas dos 7 mares!

De volta ao porto escuro em plena noite, aterramos no cais de barriga cheia... mas ainda tínhamos à nossa frente um quiosque de músicas a passar grandes êxitos “Heavy Slow” e uns 15 pescadores a beber chaptikus e a comer atum salgado com tapioca! Foi fácil conquistar o respeito de tal fauna com o ritmo a que os shots nos desciam pela garganta... A música do quiosque cresceu em volume e ritmo, sendo depois processada na forma de “break dance” ou dança do “rascasso”! Loucura no porto, no fim tinhamos uma multidão de galhardos aos saltos à nossa volta! 2 palavras : Altos Filmes!


Depois, jantar num tasco de rua e uma corrida na parte de trás de motas pelas ruas até chegar ao hostel.Nessa noite não preguei olho, ainda vivendo as memórias recentes do longo dia! Como pode a vida ser rica, diversa e divertida !


Assim foi passado o meu 32º 19 – 04. Parabéns aos pais!

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