quinta-feira, 9 de abril de 2009

Os transportes

Quero deixar aqui também uma nota para outra verdadeira experiência cultural na Indonésia: as infindáveis viagens de bus e de ferry. Queria saber porquê que fazer pouco mais de 600 km de autocarro entre as duas principais cidades de Sumatera (Padang-Medan) demorava cerca de 22 horas. Não arrisquei fazer tudo de uma vez, até porque queria parar em Danau Toba, o maior lago vulcânico do SE Asiático a 18 horas da origem. Aquilo que eles chamam a Trans-Sumatertan Hwy, que que atravessa a 6ª maior ilha do mundo (cerca de 2000 km), não é nem uma autoestrada, nem tão pouco uma estrada que se considere transitável. A maior parte do caminho é um estreito de alcatrão cheio de crateras e quase sempre às curvas. Em alguns sítios a estrada desaparece devido a derrocadas causadas pelas chuvas ficando praticamente intransitável. Numa dessas situações em subida tivemos mesmo que sair do autocarro e ainda assim o “sweaty and crampy bus” não conseguiu subir e teve que ser puxado por uma máquina que puseram lá para o efeito. Devido ao modo de condução deles circular nas estradas de Sumatera é das aventuras mais perigosas que se pode fazer nesta ilha. Deixei de contar as vezes que o condutor do autocarro obrigou o trânsito em sentido contrário a parar devido a ultrapassagens mal calculadas e vice-versa. Mas durante estas 18 horas de trânsito e de inúmeras paragens (algumas delas nem sei porquê) criou-se uma pequena família de Indonésios e um turista. Valeu bem a experiência...

O ferry que faz a ligação nocturna entre Padang e a ilha de Siberute duas vezes por semana, mas que também não é certo (maybe yes, maybe no, maybe today, maybe tomorrow...) - uma classe. Já tinha ouvido falar acerca da qualidade e segurança dos ferrys que cruzam as inúmeras ilhas na Indonésia e este sem dúvida que fazia jus a essa reputação. Por termos reservado com antecedência, conseguimos lugar numa das cabines do barco e assim evitamos ter que partilhar o chão do convés do barco com as várias famílias de indonésios, de galinhas e de ratos para passar a noite (que pena não ter fotos). Acima de tudo partilhar o cheiro e calor intensos desta zona do barco. Nas camaratas - um luxo, cada cabine tem 4 lugares tipo beliche com cerca de 1.7m de um colchão acabadinho de estrear (como devem imaginar) onde apenas que tínhamos que partilhar com algumas baratas que nos iam acordando com cócegas durante a noite com as suas belas patinhas. Quando acordei tinha uma dentro da minha almofada insuflável, não sei como lá foi parar... Mas o facto de termos uma janela cada um, permitia renovar e refrescar ar, evitando o cheiro nauseabundo que vinha do convés. Uma outra experiência, já que quando as Mentawai entrarem definitivamente na rota do turismo isto vai desaparecer...

3 comentários:

  1. É necessario ter estomago... ou melhor não o ter...

    BEIJO GRANDE MANO

    AMO-TE MUITO

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  2. Ó (Zé) Peter Pan,

    é nessas ocasiões que deves sentir falta da Sininho para te dar uns pózinhos de perlinpinpin... voavas sobre essa m***** toda, e curtias na mesma!
    Ainda assim, antes baratas a ratos e vómitos no convés...! ;-)

    Beijos e abraços de los 4 magníficos del Peral

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  3. Para mim muitas vezes mais importante de para onde se vai é o como se vai. Nas viagens de avião não se aprende nem aprecia nada, deve ser por isso que me "borro" todo!!!
    Assim até te faço um desafio: vem para Portugal sem apanhar um avião...

    Abraço,
    Viriato

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