segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mais um predador no grande recife

Finalmente fui até lá. Apesar de estar na zona, foram precisos quase dois meses para ver aquilo a que chamam o maior organismo vivo do planeta. É impressionante como nesta zona vendem e divulgam tudo como estando directamente ligado ou sendo um acessório da Grande Barreira de Coral (GBC), quando a bosta do reef fica longe da costa pra cacete.... – “localizado no coração de uma das sete maravilhas do mundo” ou “rodeado pela world heritage”, ou “inspirado pela beleza natural da GBC” e milhares de outros adjectivos e blá, blá, blá que só apetece é bleargh. Aqui, se não tens barco ficas a ver a GBC por um canudo. Começava já a mentalizar-me que apenas iria visitar a GBC umas quantas vezes, quando decidisse ir com as inúmeras

empresas de mergulho que por aqui operam, quando eis que conheço um Italiano que tem barco e que está sempre pronto para lá ir. Como dizem, melhor do que ter um barco é conhecer alguém com um barco. Por isso, tenho agora uma porta de entrada para idas mais regulares ao coral, ainda que o objectivo não seja apenas apreciar a beleza do coral, mas sim para PREDAR...

Mas quem bem me conhece sabe que mais do que predar tenho aqui a oportunidade de fazer uma das coisas que mais gosto: freediving no azul, passar 4 a 5 horas dentro de água sem grandes apetrechos às costas. Estando lá uma arma, permite-me apanhar algumas das minhas próximas refeições. Não apanho muitos (tenho-me ficado pelos dois, a quantidade ideal para a semana), não são muito pequenos pois aqui são muito restritivos relativamente a tamanhos mínimos, mas também não muito grandes, pois os predadores de topo têm grandes quantidades de ciguaterra, acumulação de uma toxina proveniente de uma microalga e que se ingerimos em quantidade resultam em efeitos secundários desagradáveis que podem durar meses ou anos (história contada por experiência própria). Assim é perfeito, não há a tentação de trazer grandes predadores como grandes barracudas ou giant trevalis e asseguro que ainda cá andem quando me vierem cá visitar.

Estando lá a arma, da também outra segurança quando nos cruzamos com os outros predadores que por aqui andam... Foi logo na segunda apneia que os vi, estava la no fundo à espera dos pelágicos e distraio-me com uma tartaruga que passava ao meu lado (tantas por aqui) e fico a segui-la durante uns instantes e quando olho novamente para a frente tenho um tubarão de pontas brancas a poucos metros de distância e que nesse mesmo instante muda a sua trajectória. Quando pensava na sorte que tinha sido ver um tubarão tão de perto, apercebi-me que por aqui são aos montes, diria que uma em cada cinco vezes que fui lá baixo me cruzei com um tubarão. Ate agora só vi pontas brancas ou pontas negras, descritos como tubarões tímidos e inofensivos para o homem, mas claro que caçar peixes com eles nas redondezas pode fazê-los mudar de comportamento. O alucinado do Italiano apanhou um Spanish mackerel e quando estava pronto para pô-lo em cima da bóia apareceu um pontas brancas a reclamar uma parte do peixe. Mas ao Italiano não lhe apetecia partilhar o peixe e protegeu-o e começou as barbatanadas ao tubarão. Depois acabou por contar-me outras histórias impressionantes de alguém que está muito habituado e à vontade a gerir as presas com estes predadores. Não quero chegar a esse ponto...

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Resumindo, as minhas duas idas à GBC. Na primeira vez fomos a uma ilha de coral mais exterior mas que estava completamente submerso e por isso não tenho fotos dela. E a que esta no mapa em baixo.


View Larger Map

Como a visibilidade não estava nada de espetacular também não usei a maquina para tirar fotos ao que vi. Ficam aqui foto sacadas da net dos destaques: um imenso maori hear-wrasse (impressionante), um giant potato cod e cardumes de giant trevalis.

Da segunda vez, ficamos mais perto da costa numa zona de várias ilhas de rocha. Se seguirem mais para sul no mapa, chegam à Great Palm Island e a sudeste desta encontram a Albino Rock. Esse seria o nosso spot matinal e quando íamos direitos ao ilhéu pra entrar dentro de água vejam quem já lá estava toda contente... Uma humpback whale que ficou por ali durante uns belos minutos aos saltos e a fazer todo o tipo de acrobacias para nos impressionar. E estas não são fotos da net, são tiradas com a minha maquineta, logo dá para te ruma ideia do quão perto estava de nos, foi um daqueles momentos..







Depois fomos apanhar uns peixinhos e à ida para terra paramos na ponta da Havana Island (está lá no mapa),

fizemos uma fogueira, sacamos dois filetes a um dos peixes e comemos tipo pré históricos rodeados por um belo cenário.... Agora sim, começo a fazer no outro lado do mundo aquilo que gosto e que também fazia aí, muda o cenário e a companhia.


De resto, no meu dia a dia tudo normal, o mesmo triângulo que já descrevi mas agora pedalando a MINHA bicicleta, my precious, a minha nova bebe, olhem para estas curvas....

Vou estando presente numa ou outra festa que me vão enturmando lentamente. E como não tenho a praia aqui a porta para dar os meus banhos matinais, uso o rio aqui que tambem esta a porta. Quem não tem cão caça com gato....

E com isto já lá vão quase dois meses....


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Party - lavaifilas

Abro aqui um parentesis para voltar atrás e divulgar o video da festa "lavaiofilas" no Farol.
Aproveito para agradecer aos anfitreões (João, Silvia e família), aos responsáveis pela realização do vídeo (João Saraiva e Soraia) pelo muito tempo dedicado para produzir estes 10 minutos, ao Dj SirAiva responsável pela animação musical, ao Gonçalo por disponibilizar a sua embarcação, ao Javi - ganhaste o prémio do mais animado de todos e a todos os outros presentes e os não presentes, mas que mostraram a sua vontade em lá estar. É bom poder vir aqui, clicar e ver o pessoal todo junto a divertir-se.
Friends will be friends lá lá lá lá lá lá... tsun, tsun, tsun, aié, check this sound.
Love ya all

domingo, 9 de agosto de 2009

Auzitgoin maits?

É ainda a única coisa que consigo dizer com sotaque Australiano, um mês depois da minha chegada (hoje). É pouco eu sei, mas a maior parte das pessoas com quem falo diariamente não são Australianas, e essas poucas não são daqui do norte onde o sotaque é ainda mais carregado. Mas isto está a mudar... Para evitar sair daqui com sotaque norte americano (aos magotes por aqui), estou a começar a praticar os desportos populares entre os locais: hóquei subaquático, kaiak pólo e ultimate frisbee e ainda por explorar o underwater rugby. Nestes locais sim, não percebo patavina do que dizem, ou seja o lugar ideal para apanhar o mais refinado sotaque Australiano, the reall stuff. Ainda que para tal tenha que recorrer a estes "real weird sports".


O meu dia-a-dia tem andado (ou melhor pedalado) num triângulo casa-trabalho-desporto. Diria que o normal para a época invernal de um qualquer outro lugar do mudo. Mas talvez pelo facto de aqui o Inverno ser a estação do ano com mais sol (todos os dias, sun, sun, sun, mostly sun, sun), faz-me mais confusão o vértice “social” não estar mais presente na figura geométrica do meu dia-a-dia. Mas estou perfeitamente consciente que essa é a parte que leva mais tempo na adaptação a um novo sítio. No global até posso dizer que tive muita sorte com os meus house-mates, 5 estrelas.

Aos fins de semana aproveito para explorar e conhecer as redondezas e para começar a sentir-me finalmente instalado em casa. Este fim de semana organizamos o churrasco de inauguração oficial da casa com a melhor vista para o rio (a nossa). Como não havia grelhador cá em casa, lá fui eu e o James (meu house mate Australiano do sul) comprar um churrasco, mas acabamos por chegar a casa com dois. Como não conseguia perceber como se fazem churrascos com um grelhador a gás, tive que encontrar um tradicional a carvão para ensinar a estes mates como fazer um churrasco como deve de ser. Foi uma festa morna com cerca de 20 convidados, muito longe da qualidade da festa de despedida que ocorreu no Farol. Tenho agora menos de dois anos para reunir as pessoas certas para fazer uma outra festa idêntica aqui deste lado.

No fim de semana seguinte a ter assistido ao vivo à famosa corrida de carros V8, foi a vez de ir assistir ao vivo a um jogo de rugby com a equipa local (Cowboys). Mais uma boa oportunidade para absorver a cultura popular, degustar os obrigatórios hamburgers e cervejas de estádio e tentar sacar fotos de sorrisos amarelos com as mascotes. Não fui persuasivo o suficiente para conseguir a foto com as cheerleaders para preencher a minha colecção...

Quanto a passeios, destaco o fim de semana aqui com o Filipe, a minha primeira visita de Portugal. Descemos de Cairns para TV naquela que eles apelidam de green way onde a floresta tropical é contigua com o mar. “Dos cerca de 500 lugares do planeta que têm estatuto de Património Mundial, apenas 13 satisfazem todos os quatro critérios da UNESCO para serem considerados e, desses 13 locais especiais, 4 encontram-se na Austrália e 2destes, a Grande Barreira de Coral e a Floresta Tropical Húmida de Queensland, situam-se aqui” ao pé de minha casa.

Há um senão, a floresta só é húmida porque chove (e muito), criando cascatas por todo o lado, dos melhores rápidos para serem explorados de rafting ou kaiak, mas o problema é que quando esta água chega ao oceano faz com a água do mar fique acastanhada e logo as praias menos apelativas para os standards tropicais. A maior parte da costa nas redondezas é mangal e as praias tem areia com uma cor dourada escura. A praia de Townsville (aqui em baixo) inclusivamente artificial. Foi introduzida areia onde originalmente havia uma zona de mangal, mas ainda não conseguiram disfarçar a cor da água, pouco apelativa para banhos na maior parte dos dias. Na cidade turística de Cairns, até havia praia com areia mas as dragagens efectuadas ao largo deixaram a costa sem areia. Agora o povo e os turistas fazem praia num relvado e tomam banho numa piscina publica junto ao mar. Finalmente, mas isto é apenas um pormenor, estas condições de água são as ideais para o crocodilo de água salgada se movimentar e se alimentar. Aqui há mais registos de ataques de crocodilos a humanos do que de tubarões, não esquecendo que esta é a zona com mais registos de ataques de tubarões do mundo. Mas como disse, isto é apenas um detalhe já que no meu entender o problema maior são as jelly fish, que só te deixam tomar banho se vestires uma lycra de corpo inteiro “sexy” que eles cá usam.

Para se conseguirem condições mais apelativas tem que se ir para as ilhas off shore em direcção à barreira de coral. Assim, num outro fim de semana decidi fazer uma escapadela à Magnetic Island, mesmo em frente a TV (40 minutos de barco). Está nos roteiros turísticos da Austrália como “a não perder” e por isso não fazia sentido deixar a visita para mais tarde. Não foi o fim de semana ideal pois o vento estava ainda mais forte do que o habitual e acabou por arrastar as águas castanhas costeiras.

No entanto, deu para ver que é um escape excelente à cidade e aqui tão perto. ¾ da ilha são reserva natural com alguns trilhos pedestres e belas e pequenas baías de praia com pinheiros que chegam até ao mar em cima de calhaus gigantes de granito .Aqui dei o meu primeiro e único banho de mar desde que aqui estou e estava feliz por isso. O interior da ilha guarda ruínas de fortificações construídas para vigiar a costa das invasões do Japão durante a WWII, mas é um também um dos poucos sítios com Koalas selvagens desta região. O final do dia presenteou-me com estas dorminhocas e algo estranhas criaturas. Impossível observá-las sem risos internos e por vezes mesmo com sinais externos de contentamento.

Depois de chegar da ilha e porque estava na baixa da cidade, tinha que aproveitar para fazer algo citadino. E depois de ver koalas no selvagem, havería melhor programa do que ir assistir ao tão longo e famoso "wet t-shirt contest"? Não, pois não? Aqui sim, não só ri internamente como foi como ver um comedy show ao vivo, um BRAVO!!!! Um autêntico espetáculo indescritível ver o que as pessoas podem fazer para conseguir ganhar 700 AUD. Um espetáculo tão erótico que até me esqueci de sacar da máquina para vos mostrar o que quero dizer. A voltar, mas não tão cedo.....

Bem, quero mesmo manter o blog activo, mas como devem perceber a regularidade não vai ser a que gostaria(m). Não querem de certeza descrições e fotos das minhas experiências, certo? É porque foi para isso que eu cá vim (eu acho...).

Abraços e beijos cheios, mas mesmo cheio de saudades.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Zee place and mee house

E lá foram duas semanas em Townsville. É pouco tempo para escrever algo acerca do sítio ou sobre o que tenho feito. São alguns os factores que contribuem para a falta de fonte noticiais. Para vos tentar situar, lá vou eu entrar em analogias e divagações daquelas "out of the blue".

Imaginem-se vocês um Australiano(a), que de repente resolveu fazer uma pausa no seu quotidiano e deixar temporariamente para trás o seu país natal para emigrar para Faro, Portugal (sortudo). Para ficar instalado perto do sítio de trabalho (no campus de Gambelas) arranjam-lhe uma casa na Quinta do Eucalipto. Não te podes queixar, vives numa bela vivenda no meio do mato, com um jardim que (neste caso) tem árvores tropicais (mangas, papaias, bananas, tangerinas), está separada de um belo rio por um jardim que é sobrevoado por aves tropicais e que tem barbeques públicos aqui e ali. Não estás nada mal, ein? Estás é a cerca de 15 km do centro da cidade e coincidentemente não existe um sistema de transporte públicos eficiente. A juntar a isto tudo, é o pico do Inverno e às 5:30 começa já a ficar escuro. Sem carro, vocês, o Australiano(a), ficariam apeados entre a vossa bela casa na Quinta do Eucalipto e Gambelas (seria a maior loucura de todos os tempos...). Existe uma diferença entre os dois cenários, aqui em Townsville posso ir de bicicleta para a cidade (durante cerca de 50 minutos) ao longo de um caminho que ladeia o rio (este sem crocodilos), enquanto que o Australiano aí, teria que pedalar entre carros, monóxido de carbono e cruzar the beautifull Blackhill.

Por isso de downtown pouco conheço. Basicamente apenas fui à grande avenida “the strand” que fica na praia, uma zona de lazer com palmeiras ao longo da praia para pedestres, ciclistas e skatistas passearem ou praticarem o desporto, uma cena muito States, muito boulevard (aliás isto é tudo muito States). Pensava eu que vinha para a zona da grande bareira de coral com clear cristal water, mas trata-se de uma praia em que a água do mar é meio acastanhada e só se pode tomar banho nesta altura do ano, já que de Outubro a Maio é a altura das stingers e só se pode tomar banho nas piscinas do Strand ou em pequenas zonas enclausuradas por redes.
Da vida nocturna, das três vezes que lá fui a meio da semana, é uma cidade sem movimento, a maior parte dos sítios que vendem comida (não lhes chamaria restaurantes, mais tipo fish, burger & chips) fecham entre as 8 e as 9 da noite e os pubs estavam praticamente vazios. WELCOME TO AWSOME TOWNSVILLE they told me ironically... Mas logo de seguida veio a justificação, “ah e tal trata-se do pico do Inverno, é a meio da semana e ainda por cima é uma época de férias dos estudantes” (bem não é muito diferente de Faro). Mas então perguntam vocês “mas é só de estudantes que vive a cidade?” Não, não, tem também alguns turistas que aqui vêm apanhar o ferry para a Magentic Island aqui em frente, mas na sua maioria são militares (aqui tem uma das maiores bases militares da Austrália) e mineiros (extracção de metais). Interessantes ingredientes para fazer da noite de Townsville uma animação, só que ao que parece, sem as estudantes falta-lhes o motivo para desencadearem as tão famosas cenas de pancadaria que caracterizam os pubs Australianos e, ao que parece, está bem caracterizado aqui em Townsville. Anseio pela chegada dos estudantes para assistir a esta realidade de Townsville, ah e já agora de ir também ao pub que se orgulha de ter o mais longo concurso semanal a nível mundial da miss T-shirt molhada.

Mas enfim, são apenas os primeiros tempos, não preciso de muita animação, preciso sim começar de encarrilar a minha nova vida, comprar o que me faz falta para me começar a instalar, já que apenas trouxe uma mochila com alguma roupa e a minha almofada de sempre (mas nem ela conseguiu evitar os sintomas do jet lag nas primeiras noites) e começar a chamar a isto casa. Mas passando duas semanas, estou ainda no campo das intenções, já que não é fácil gastar os meus dolares Australianos numa terra em que as lojas fecham às 5 da tarde (toc, toc, toc...). Tive que folgar um dia para procurar uma cama decente e no final consegui gastar mais de 500 euros para trazer um colchão, um estrado e o melhor uns lençóis “Egipcian” com um toque tipo seda com cor preta, ui, ui... (incrível o que me conseguem vender).

E queria ficar-me por aqui no que às primeiras impressões diz respeito e voltar apenas mais tarde. Deixar acumular alguns fins de semana e (espero eu) algumas histórias e aventuras aqui downunder. Mas não consigo resistir à tentação de partilhar o highlight do meu primeiro fim de semana em Townsville.A cidade foi “host” pela primeira vez de uma das etapas de um importante campeonato nacional de corridas de carros, os V8 Supercars. Confesso que não sou, e nem fiquei, adepto de desportos motorizados, mas era uma excelente oportunidade para poder ver milhares de Townsvilenses e outros Queenslanderenses excitados com tamanho acontecimento na cidade para verem carros a ultrapassar a barreira dos 300 km/h em pleno circuito citadino. E valeu bem a pena ver milhares deles a exibirem os seus melhores chapéus tipo cowboy e com todo o merchandaising alusivo ao evento que orgulhosamente compravam das suas equipas preferidas. Eu também tive que me juntar a uma equipa e depois de muito escolher, juntei-me à Jim Bean Team como podem perceber porquê pela foto. Mais lindo de tudo, foi ter ido com um convite para assistir a todo este cenário da tribuna VIP. Lá estava eu no topo de uma varanda por cima da linha de partida/chegada a comer do bom e do melhor, no que ao marisco diz respeito e a experimentar quase todas as cervejas que cá têm. Tudo isto sem ter que desembolsar um dólar australiano, afinal sou ou não um cientísta internacional convidado....
Se tiverem pachorra e quiserem ver imagens de vários ângulos da casa, do meu sítio de trabalho ou da baixa da cidade, dêem graças ao Big Brother e copiem o link abaixo:
http://maps.google.com.br/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-PT&geocode=&q=1+Nisbet+Crt,+Aitkenvale&sll=-19.305848,146.761736&sspn=0,359.997586&ie=UTF8&ll=-19.306131,146.763214&spn=0.00724,0.009656&z=17&iwloc=A&layer=c&cbll=-19.306039,146.763231&panoid=_d8i-GHqM4VXCr1WDYlKsA&cbp=12,88.32,,0,9.2

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Portugal, a period of transition... (queriam ler Austrália, mas levam primeiro com Portugal e lamechices)


Da Indonésia, e logo a meio caminho de Down Under, fazia todo o sentido continuar a viagem rumo a Sul, afinal estava mesmo ali em baixo. Pouparia umas dezenas de horas em aviões e aeroportos (arghhhhhh...), consequentemente umas centenas de euros, teria a adaptação ao diferencial horário já muito avançada, mas acima de tudo ia à boleia do espírito viajante, tão entranhado que estava na altura (aqui entre nós, confesso que me apetecia continuar a viagem). No entanto, uma escala em Portugal era mandatária para concluir o longo processo burocrático do visto para a Austrália. E olha para mim, triste por ter que fazer uma escala num país que tão bem conheço e adoro, ainda por cima em pleno início de Verão e ter que passar bons momentos com a grande família. Tinha aqui a oportunidade de revisitar sítios e pessoas que gosto e de poder dizer um “até já” à altura antes de partir, já que não tinha sido possível antes. O grande risco que corria era o de começar a enraizar e de se tornar difícil dizer o “até já”.


Durante os dois meses em Portugal parecia um turista estrangeiro a absorver todos os sítios por onde passei (podia inventar uma letra para uma música pimba sobre emigrantes...). Temos um tão rico património num tão pequeno pais, como em poucos sítios por onde já passei. Não quero com isto dizer que não se deva ir lá fora (que moral tenho eu para dizer isso), nem que seja para dar mais valor ao que temos em casa.
O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina por exemplo, poucos serão os sítios no mundo com um tão bem conseguido conjunto de praias, falésias, clima e gastronomia.
Um outro exemplo, o Parque Natural da Serra Peneda-Gerês. Muitos sonham em visitar a Nova Zelândia por causa das suas paisagens naturais, mas nunca foram ou pouco conhecem o interior deste parque. Não quero fazer comparações directas, até porque AINDA não conheço a NZ (mas num futuro próximo dedicarei uma secção à NZ, mhuhuaaahaahaa), mas faço um apelo aqueles que gostam e respeitam sítios destes – VÃO AO GERÊS, VÃO MESMO!!!!!!!

Mesmo para os que não são atraídos por paisagens naturais verdejantes ou por cascatas e lagoas de água cristalina, tem a oportunidade única de passar por aldeias onde já só restam os anciãos, cheios de histórias para contar, de ir à conversa com pastores na sua caminha diária para controlar a difícil convivência com os lobos. A vantagem é que estas tribos falam a nossa língua (com “ligeiro” sotaque) e têm uma excelente gastronomia, não é preciso comer toupeiras ou larvas de formiga para se sentirem integrados. Tudo isto vai desaparecer em breve e vão restar apenas aldeias desertas com casas de estrangeiros adaptadas ou casas de turismo rural. Isto são apenas dois exemplos, podia estender-me aqui com textos sobre as margens do Guadiana, as ilhas barreira da Ria Formosa, das conversas com os sargaceiros nas praias do norte durante a quase extinta actividade tradicional de apanha de algas, das paisagens exuberantes das ilhas da Madeira e dos Açores.

Finalmente, o poder estar novamente com (quase) todos vocês foi para mim algo especial. Amo verdadeiramente a minha grande família e se nunca saí antes de Portugal deve-se maioritariamente a vocês, mas pronto agora já estava um bocado farto de vocês e teve que ser... Ficam para breve as primeiras impressões da Aussielandia e em particular de Townsville. O que posso dizer para já é que é maior do que esperava, tem um douwntown muito Boulevard e passei o meu primeiro dia a visitar lojas de colchões e camas, para poder começar a ocupar o meu espaço.