quinta-feira, 23 de julho de 2009

Zee place and mee house

E lá foram duas semanas em Townsville. É pouco tempo para escrever algo acerca do sítio ou sobre o que tenho feito. São alguns os factores que contribuem para a falta de fonte noticiais. Para vos tentar situar, lá vou eu entrar em analogias e divagações daquelas "out of the blue".

Imaginem-se vocês um Australiano(a), que de repente resolveu fazer uma pausa no seu quotidiano e deixar temporariamente para trás o seu país natal para emigrar para Faro, Portugal (sortudo). Para ficar instalado perto do sítio de trabalho (no campus de Gambelas) arranjam-lhe uma casa na Quinta do Eucalipto. Não te podes queixar, vives numa bela vivenda no meio do mato, com um jardim que (neste caso) tem árvores tropicais (mangas, papaias, bananas, tangerinas), está separada de um belo rio por um jardim que é sobrevoado por aves tropicais e que tem barbeques públicos aqui e ali. Não estás nada mal, ein? Estás é a cerca de 15 km do centro da cidade e coincidentemente não existe um sistema de transporte públicos eficiente. A juntar a isto tudo, é o pico do Inverno e às 5:30 começa já a ficar escuro. Sem carro, vocês, o Australiano(a), ficariam apeados entre a vossa bela casa na Quinta do Eucalipto e Gambelas (seria a maior loucura de todos os tempos...). Existe uma diferença entre os dois cenários, aqui em Townsville posso ir de bicicleta para a cidade (durante cerca de 50 minutos) ao longo de um caminho que ladeia o rio (este sem crocodilos), enquanto que o Australiano aí, teria que pedalar entre carros, monóxido de carbono e cruzar the beautifull Blackhill.

Por isso de downtown pouco conheço. Basicamente apenas fui à grande avenida “the strand” que fica na praia, uma zona de lazer com palmeiras ao longo da praia para pedestres, ciclistas e skatistas passearem ou praticarem o desporto, uma cena muito States, muito boulevard (aliás isto é tudo muito States). Pensava eu que vinha para a zona da grande bareira de coral com clear cristal water, mas trata-se de uma praia em que a água do mar é meio acastanhada e só se pode tomar banho nesta altura do ano, já que de Outubro a Maio é a altura das stingers e só se pode tomar banho nas piscinas do Strand ou em pequenas zonas enclausuradas por redes.
Da vida nocturna, das três vezes que lá fui a meio da semana, é uma cidade sem movimento, a maior parte dos sítios que vendem comida (não lhes chamaria restaurantes, mais tipo fish, burger & chips) fecham entre as 8 e as 9 da noite e os pubs estavam praticamente vazios. WELCOME TO AWSOME TOWNSVILLE they told me ironically... Mas logo de seguida veio a justificação, “ah e tal trata-se do pico do Inverno, é a meio da semana e ainda por cima é uma época de férias dos estudantes” (bem não é muito diferente de Faro). Mas então perguntam vocês “mas é só de estudantes que vive a cidade?” Não, não, tem também alguns turistas que aqui vêm apanhar o ferry para a Magentic Island aqui em frente, mas na sua maioria são militares (aqui tem uma das maiores bases militares da Austrália) e mineiros (extracção de metais). Interessantes ingredientes para fazer da noite de Townsville uma animação, só que ao que parece, sem as estudantes falta-lhes o motivo para desencadearem as tão famosas cenas de pancadaria que caracterizam os pubs Australianos e, ao que parece, está bem caracterizado aqui em Townsville. Anseio pela chegada dos estudantes para assistir a esta realidade de Townsville, ah e já agora de ir também ao pub que se orgulha de ter o mais longo concurso semanal a nível mundial da miss T-shirt molhada.

Mas enfim, são apenas os primeiros tempos, não preciso de muita animação, preciso sim começar de encarrilar a minha nova vida, comprar o que me faz falta para me começar a instalar, já que apenas trouxe uma mochila com alguma roupa e a minha almofada de sempre (mas nem ela conseguiu evitar os sintomas do jet lag nas primeiras noites) e começar a chamar a isto casa. Mas passando duas semanas, estou ainda no campo das intenções, já que não é fácil gastar os meus dolares Australianos numa terra em que as lojas fecham às 5 da tarde (toc, toc, toc...). Tive que folgar um dia para procurar uma cama decente e no final consegui gastar mais de 500 euros para trazer um colchão, um estrado e o melhor uns lençóis “Egipcian” com um toque tipo seda com cor preta, ui, ui... (incrível o que me conseguem vender).

E queria ficar-me por aqui no que às primeiras impressões diz respeito e voltar apenas mais tarde. Deixar acumular alguns fins de semana e (espero eu) algumas histórias e aventuras aqui downunder. Mas não consigo resistir à tentação de partilhar o highlight do meu primeiro fim de semana em Townsville.A cidade foi “host” pela primeira vez de uma das etapas de um importante campeonato nacional de corridas de carros, os V8 Supercars. Confesso que não sou, e nem fiquei, adepto de desportos motorizados, mas era uma excelente oportunidade para poder ver milhares de Townsvilenses e outros Queenslanderenses excitados com tamanho acontecimento na cidade para verem carros a ultrapassar a barreira dos 300 km/h em pleno circuito citadino. E valeu bem a pena ver milhares deles a exibirem os seus melhores chapéus tipo cowboy e com todo o merchandaising alusivo ao evento que orgulhosamente compravam das suas equipas preferidas. Eu também tive que me juntar a uma equipa e depois de muito escolher, juntei-me à Jim Bean Team como podem perceber porquê pela foto. Mais lindo de tudo, foi ter ido com um convite para assistir a todo este cenário da tribuna VIP. Lá estava eu no topo de uma varanda por cima da linha de partida/chegada a comer do bom e do melhor, no que ao marisco diz respeito e a experimentar quase todas as cervejas que cá têm. Tudo isto sem ter que desembolsar um dólar australiano, afinal sou ou não um cientísta internacional convidado....
Se tiverem pachorra e quiserem ver imagens de vários ângulos da casa, do meu sítio de trabalho ou da baixa da cidade, dêem graças ao Big Brother e copiem o link abaixo:
http://maps.google.com.br/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-PT&geocode=&q=1+Nisbet+Crt,+Aitkenvale&sll=-19.305848,146.761736&sspn=0,359.997586&ie=UTF8&ll=-19.306131,146.763214&spn=0.00724,0.009656&z=17&iwloc=A&layer=c&cbll=-19.306039,146.763231&panoid=_d8i-GHqM4VXCr1WDYlKsA&cbp=12,88.32,,0,9.2

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Portugal, a period of transition... (queriam ler Austrália, mas levam primeiro com Portugal e lamechices)


Da Indonésia, e logo a meio caminho de Down Under, fazia todo o sentido continuar a viagem rumo a Sul, afinal estava mesmo ali em baixo. Pouparia umas dezenas de horas em aviões e aeroportos (arghhhhhh...), consequentemente umas centenas de euros, teria a adaptação ao diferencial horário já muito avançada, mas acima de tudo ia à boleia do espírito viajante, tão entranhado que estava na altura (aqui entre nós, confesso que me apetecia continuar a viagem). No entanto, uma escala em Portugal era mandatária para concluir o longo processo burocrático do visto para a Austrália. E olha para mim, triste por ter que fazer uma escala num país que tão bem conheço e adoro, ainda por cima em pleno início de Verão e ter que passar bons momentos com a grande família. Tinha aqui a oportunidade de revisitar sítios e pessoas que gosto e de poder dizer um “até já” à altura antes de partir, já que não tinha sido possível antes. O grande risco que corria era o de começar a enraizar e de se tornar difícil dizer o “até já”.


Durante os dois meses em Portugal parecia um turista estrangeiro a absorver todos os sítios por onde passei (podia inventar uma letra para uma música pimba sobre emigrantes...). Temos um tão rico património num tão pequeno pais, como em poucos sítios por onde já passei. Não quero com isto dizer que não se deva ir lá fora (que moral tenho eu para dizer isso), nem que seja para dar mais valor ao que temos em casa.
O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina por exemplo, poucos serão os sítios no mundo com um tão bem conseguido conjunto de praias, falésias, clima e gastronomia.
Um outro exemplo, o Parque Natural da Serra Peneda-Gerês. Muitos sonham em visitar a Nova Zelândia por causa das suas paisagens naturais, mas nunca foram ou pouco conhecem o interior deste parque. Não quero fazer comparações directas, até porque AINDA não conheço a NZ (mas num futuro próximo dedicarei uma secção à NZ, mhuhuaaahaahaa), mas faço um apelo aqueles que gostam e respeitam sítios destes – VÃO AO GERÊS, VÃO MESMO!!!!!!!

Mesmo para os que não são atraídos por paisagens naturais verdejantes ou por cascatas e lagoas de água cristalina, tem a oportunidade única de passar por aldeias onde já só restam os anciãos, cheios de histórias para contar, de ir à conversa com pastores na sua caminha diária para controlar a difícil convivência com os lobos. A vantagem é que estas tribos falam a nossa língua (com “ligeiro” sotaque) e têm uma excelente gastronomia, não é preciso comer toupeiras ou larvas de formiga para se sentirem integrados. Tudo isto vai desaparecer em breve e vão restar apenas aldeias desertas com casas de estrangeiros adaptadas ou casas de turismo rural. Isto são apenas dois exemplos, podia estender-me aqui com textos sobre as margens do Guadiana, as ilhas barreira da Ria Formosa, das conversas com os sargaceiros nas praias do norte durante a quase extinta actividade tradicional de apanha de algas, das paisagens exuberantes das ilhas da Madeira e dos Açores.

Finalmente, o poder estar novamente com (quase) todos vocês foi para mim algo especial. Amo verdadeiramente a minha grande família e se nunca saí antes de Portugal deve-se maioritariamente a vocês, mas pronto agora já estava um bocado farto de vocês e teve que ser... Ficam para breve as primeiras impressões da Aussielandia e em particular de Townsville. O que posso dizer para já é que é maior do que esperava, tem um douwntown muito Boulevard e passei o meu primeiro dia a visitar lojas de colchões e camas, para poder começar a ocupar o meu espaço.