Imaginem-se vocês um Australiano(a), que de repente resolveu fazer uma pausa no seu quotidiano e deixar temporariamente para trás o seu país natal para emigrar para Faro, Portugal (sortudo). Para ficar instalado perto do sítio de trabalho (no campus de Gambelas) arranjam-lhe uma casa na Quinta do Eucalipto. Não te podes queixar, vives numa bela vivenda no meio do mato, com um jardim que (neste caso) tem árvores tropicais (mangas, papaias, bananas, tangerinas), está separada de um belo rio por um jardim que é sobrevoado por aves tropicais e que tem barbeques públicos aqui e ali. Não estás nada mal, ein? Estás é a cerca de 15 km do centro da cidade e coincidentemente não existe um sistema de transporte públicos eficiente. A juntar a isto tudo, é o pico do Inverno e às 5:30 começa já a ficar escuro. Sem carro, vocês, o Australiano(a), ficariam apeados entre a vossa bela casa na Quinta do Eucalipto e Gambelas (seria a maior loucura de todos os tempos...). Existe uma diferença entre os dois cenários, aqui em Townsville posso ir de bicicleta para a cidade (durante cerca de 50 minutos) ao longo de um caminho que ladeia o rio (este sem crocodilos), enquanto que o Australiano aí, teria que pedalar entre carros, monóxido de carbono e cruzar the beautifull Blackhill.
Por isso de downtown pouco conheço. Basicamente apenas fui à grande avenida “the strand” que fica na praia, uma zona de lazer com palmeiras ao longo da praia para pedestres, ciclistas e skatistas passearem ou praticarem o desporto, uma cena muito States, muito boulevard (aliás isto é tudo muito States). Pensava eu que vinha para a zona da grande bareira de coral com clear cristal water, mas trata-se de uma praia em que a água do mar é meio acastanhada e só se pode tomar banho nesta altura do ano, já que de Outubro a Maio é a altura das stingers e só se pode tomar banho nas piscinas do Strand ou em pequenas zonas enclausuradas por redes.
Da vida nocturna, das três vezes que lá fui a meio da semana, é uma cidade sem movimento, a maior parte dos sítios que vendem comida (não lhes chamaria restaurantes, mais tipo fish, burger & chips) fecham entre as 8 e as 9 da noite e os pubs estavam praticamente vazios. WELCOME TO AWSOME TOWNSVILLE they told me ironically... Mas logo de seguida veio a justificação, “ah e tal trata-se do pico do Inverno, é a meio da semana e ainda por cima é uma época de férias dos estudantes” (bem não é muito diferente de Faro). Mas então perguntam vocês “mas é só de estudantes que vive a cidade?” Não, não, tem também alguns turistas que aqui vêm apanhar o ferry para a Magentic Island aqui em frente, mas na sua maioria são militares (aqui tem uma das maiores bases militares da Austrália) e mineiros (extracção de metais). Interessantes ingredientes para fazer da noite de Townsville uma animação, só que ao que parece, sem as estudantes falta-lhes o motivo para desencadearem as tão famosas cenas de pancadaria que caracterizam os pubs Australianos e, ao que parece, está bem caracterizado aqui em Townsville. Anseio pela chegada dos estudantes para assistir a esta realidade de Townsville, ah e já agora de ir também ao pub que se orgulha de ter o mais longo concurso semanal a nível mundial da miss T-shirt molhada.
Mas enfim, são apenas os primeiros tempos, não preciso de muita animação, preciso sim começar de encarrilar a minha nova vida, comprar o que me faz falta para me começar a instalar, já que apenas trouxe uma mochila com alguma roupa e a minha almofada de sempre (mas nem ela conseguiu evitar os sintomas do jet lag nas primeiras noites) e começar a chamar a isto casa. Mas passando duas semanas, estou ainda no campo das intenções, já que não é fácil gastar os meus dolares Australianos numa terra em que as lojas fecham às 5 da tarde (toc, toc, toc...). Tive que folgar um dia para procurar uma cama decente e no final consegui gastar mais de 500 euros para trazer um colchão, um estrado e o melhor uns lençóis “Egipcian” com um toque tipo seda com cor preta, ui, ui... (incrível o que me conseguem vender).
E queria ficar-me por aqui no que às primeiras impressões diz respeito e voltar apenas mais tarde. Deixar acumular alguns fins de semana e (espero eu) algumas histórias e aventuras aqui downunder. Mas não consigo resistir à tentação de partilhar o highlight do meu primeiro fim de semana em Townsville.A cidade foi “host” pela primeira vez de uma das etapas de um importante campeonato nacional de corridas de carros, os V8 Supercars. Confesso que não sou, e nem fiquei, adepto de desportos motorizados, mas era uma excelente oportunidade para poder ver milhares de Townsvilenses e outros Queenslanderenses excitados com tamanho acontecimento na cidade para verem carros a ultrapassar a barreira dos 300 km/h em pleno circuito citadino. E valeu bem a pena ver milhares deles a exibirem os seus melhores chapéus tipo cowboy e com todo o merchandaising alusivo ao evento que orgulhosamente compravam das suas equipas preferidas. Eu também tive que me juntar a uma equipa e depois de muito escolher, juntei-me à Jim Bean Team como podem perceber porquê pela foto. Mais lindo de tudo, foi ter ido com um convite para assistir a todo este cenário da tribuna VIP. Lá estava eu no topo de uma varanda por cima da linha de partida/chegada a comer do bom e do melhor, no que ao marisco diz respeito e a experimentar quase todas as cervejas que cá têm. Tudo isto sem ter que desembolsar um dólar australiano, afinal sou ou não um cientísta internacional convidado....
Se tiverem pachorra e quiserem ver imagens de vários ângulos da casa, do meu sítio de trabalho ou da baixa da cidade, dêem graças ao Big Brother e copiem o link abaixo:
http://maps.google.com.br/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-PT&geocode=&q=1+Nisbet+Crt,+Aitkenvale&sll=-19.305848,146.761736&sspn=0,359.997586&ie=UTF8&ll=-19.306131,146.763214&spn=0.00724,0.009656&z=17&iwloc=A&layer=c&cbll=-19.306039,146.763231&panoid=_d8i-GHqM4VXCr1WDYlKsA&cbp=12,88.32,,0,9.2