domingo, 17 de janeiro de 2010

Foi Natal, Foi Natal, Foi feliz Natal...

... Se não tivesse sido Natal, não era Natal.
Mas foi, e aqui também se celebra o Natal que, ao contrário do que muita gente pensa, também tem tradição. E como poderão constatar não é muito diferente da tradição do Natal no hemisfério norte. Também se fazem os tradicionais bonecos de neve, mas como este ano por azar não houve neve, a areia da praia serviu as delícias das crianças que saíram a correr para a praia para fazerem brincadeiras e palhaçadas na areia. Também se patina no gelo, mas por acaso este ano as temperaturas não desceram abaixo dos 30 ºC e lagos e rios ficaram por gelar. Mas crianças são isso mesmo e encontram sempre alternativas para a diversão, acrobacias nas águas dos rios com probabilidades de crocs.

Aqui a família também se junta para assistir a programas próprios da época. Mas como aqui devem ser todos muito saudáveis não exibem o Natal dos Hospitais na televisão. Como podem passar os Aussies esta época festiva sem tamanho clássico? Exibindo um concurso de “Miss Bikini Townsville”em alternativa. Pessoalmente, acho este último mais interessante e integrado no espírito da época. Mas confesso que quando uma das concorrentes responde “having sex drunk” à pergunta “What´s in your oppinion a romantic date?”, senti alguma nostalgia do Natal dos Hospitais. Mas coisa de pouca duração, toda essa nostalgia desapareceu quando nos diversos ecrãs televisivos espalhados pelo recinto aparece o número de uma das rifas que tinha para sorteio. Iupiiii a minha primeira prenda de natal na Austrália... Nada mais nada menos do que: um peixe semi congelado, um naco de fiambre e uma caixa de cervejas... Um autentico cabaz de Natal. Por um lado fiquei contente com tamanho prémio, mas por outro lado não deu jeito nenhum tentar conseguir autógrafos das finalistas do concurso com semelhante prémio em mãos.... Achei melhor ir embora....

Ficam aqui algumas fotos para aqueles que insistentemente me pedem. Espero que as meninas não se importem, refiro-me as concorrentes e não as meninas daqueles que me pedem, suplicam até...










Mas se formos ao fundo da questão, também encontramos algumas diferenças. Aqui o momento mais importante do Natal é o almoço em família no dia 25. Felizmente o patrão convidou-me para viver a experiência da “consoada” Australiana. E até parecia que ele tinha ganho o mesmo prémio que eu... Lá estava o fiambre, mas neste caso uma perna inteira de porco fumada, o peixe também, neste caso em filetes que foram grelhados na chapa juntamente com lagostas e camarões cortados longitudinalmente e por fim alguma cerveja, mas eu fui mais para o vinho oriundo de diversas regiões da Austrália e Nova Zelândia.

Mas os orfãos que ficaram perdidos em Townsville na época natalicia, não quiseram quebrar a tradição e organizou-se a consoada na noite de 24, só que ao som de música latina (são aos montes aqui os centro/sul americanos). E como sabia que não ia encontrar o fiel amigo na mesa natalícia, lá fui eu no dia 23 em busca de alternativa para a o rei da consoada. E quem não tem bacalhau caça com lírios...
À meia noite em vez de se trocar prendas, foi-se dar um mergulho nocturno na piscina do Strand. E esta foi talvez a maior diferença de todas entre os natais, a ausência de troca de prendas. Pessoalmente soube-me bem ter passado ao lado do espírito consumista da época e de não ter perdido tempo dentro de centros comerciais. Ainda por cima, poucos foram os que me enviaram a morada para receberem uma simples e pessoal prenda do Pai Natal Australiano. E pelo que parece o Pai Natal do hemisfério Norte esteve preguiçoso este ano. Deixar a minha morada no post anterior deu direito a um postal e a uma prenda muito original que valeu por 6. Nao me posso queixar, mas tenho que conformar-me pelo facto das novas tecnologias deixarem os simples postais fora de moda, e como sabe bem chegar a casa e ter correio na caixa física e não virtual... Mas há sempre esperança, afinal Natal é todos os dias...
E assim passei o meu primeiro Natal longe da grande família e num sítio tropical. Para o ano se verá...

Quanto à passagem do ano, cismei que não a queria passar em Townsville. Passei uma vez em Faro, e como continuo a achar que há algumas semelhanças entre as duas cidades, tive medo, muito medo... Assim, decidi-me a fazer 3300 km durante 7 dias com 5 pessoas dentro da minha Lontra para passar o ano no Woodford Folk Music Festival a 100 km de Brisbane. Um mega festival de música que decorre durante uma semana num descampado out of nowhere com um ambiente muito hippie (demasiado). Acampamento, lama, eventos e música alternativa espalhados por 20 sítios/palcos do Mega recinto ao ar livre. Tipo um Festival Med mas à escala Australiana. Os melhores concertos foram os de Darth Vegas e dos LABJACD.









Mas haviam outras motivações para fazer esta viagem: seria a primeira grande road trip na Austrália (essencial para a Aussie experience), queria ficar a pernoitar num daqueles Moteis/Pubs perdidos no tempo e no meio do nada dum trecho de 500 Km de estrada que liga duas “localidades”. Jogar bilhar e pôr uma moeda na Junk box para ouvir clássicos da musica country como Kenny Rogers e Willie Nelson. Mas talvez a maior motivação de todas, sair da zona da grande barreira e voltar a ver um mar com agitação, ondas, temperatura amena e onde se pode tomar banho sem pensar nos crocodilos e nas jelly fish. E que bem que me soube ver, cheirar e sentir uma verdadeira praia (pelo menos para o meu conceito de praia), 6 meses depois de sair de terras Lusas.









Este mês de Janeiro está a ser passado a fazer house e dog sitting na casa do patrão que foi de férias. Não me posso queixar, uma casa só para mim (já tinha saudades), piscina camuflada numa pequena floresta tropical e dois goldens retrievers como companhia.








E no final deste mês de Janeiro faz um ano que “lá foi o filas” e que surgiu este espaço no www. No entanto, só sinto que posso fechar o ciclo anual deste blog de aventuras com aquela que tenho no meu imaginário há mais tempo: Nova Zelândia. Por isso voltamos a ver-nos aqui em Março e depois... logo se verá..........